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Publicado em 03/07/2016
Consórcio atrai com custo financeiro menor
Hoje é possível encontrar grupos com prazos de até 200 meses para aquisição de um imóvel ou terreno, até mesmo na praia ou no campo
Fonte: O Estado de S.Paulo - Imóveis
Alto funcionário de uma multinacional de serviços, Ricardo Ramos lançou mão de consórcios para comprar um apartamento no valor de R$ 1,5 milhão. Mas como não existem planos nesse valor, a solução foi adquirir sete cotas.
O executivo possuía uma reserva monetária e a utilizou, em 2015, para dar lances nas assembleias do consórcio. Nesses encontros mensais, são liberadas duas cartas de crédito para os participantes. Uma por meio de sorteio e a outro através de uma oferta em dinheiro, o lance. Assim, Ramos foi juntando as cartas de crédito. Em dezembro, conseguiu a última das sete e no início deste ano pôde ir ao mercado em busca do imóvel.
Comprou um apartamento de 150 metros quadrados, três dormitórios e duas vagas de garagem no Itaim Bibi. Ele conta que o motivo de ter optado pelo consórcio foi a vantagem financeira. “O custo financeiro é mais interessante”, afirma, referindo-se à comparação com um financiamento imobiliário, que tem taxas de juros elevadas.
Diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o economista Miguel de Oliveira concorda. “A grande vantagem do consórcio é o custo financeiro menor de toda a operação. ”
No financiamento, os bancos cobram taxa de juros acrescida da Taxa Referencial (TR), índice utilizado para corrigir cadernetas de poupança, atualmente menor que o IGP-M. Na Caixa, a taxa efetiva para financiamento pode chegar a 12,5% ao ano. E os bancos não financiam o valor total do imóvel.
Algumas taxas, no entanto, são cobradas do cotista de um consórcio, como a de administração, que está na faixa de 20% em média. Ela é diluída nas parcelas ao longo do tempo duração do consórcio.
Ramos conta que foi alertado para as vantagens desse tipo de negócio pelo gerente do banco onde tem conta. Ele confidenciou que vários clientes premium estavam usando consórcio para adquirir imóveis em razão do custo financeiro melhor.
“Estamos identificando que estão vindo para o consórcio pessoas de classes A e B”, afirma o diretor da Rodobens Consórcio, Ronald Macedo Torres. No entanto, os dados disponíveis na Associação Brasileira de Administradores de Consórcio (Abac) ainda não refletem esse quadro. Torres, porém, diz que essa adesão é percebida a partir do bom desempenho dos planos de valores mais elevados.
Na Rodobens, que completará 50 anos de atividades nesta segunda-feira, os créditos médios estão se mantendo em patamares mais altos, segundo o diretor. Ficam em torno de R$ 190 mil enquanto no mercado em geral situam-se em cerca de R$ 112 mil. Para Torres, o movimento tem ligação com o fato de a economia estar mais amarrada e com a segurança que esse tipo de investimento oferece.
“No consórcio, quem adere é credor em boa parte do processo. Está fazendo um investimento de médio e longo prazo. Com isso, há menor preocupação desse cliente”, afirma. Se acontecer algum problema, como o cliente perder o emprego ou renda, exemplifica Torres, ele pode transferir as cotas ou transferir o imóvel, se tiver sido contemplado.
Ele alega que o momento é “excelente” para a compra de consórcios. “Atualmente, os créditos estão mais restritos, há análise mais rigorosa para liberar financiamento”, diz. A empresa a administra um ativo de R$ 12 bilhões.
O presidente executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi, ressalta o poder de barganha do consumidor de posse de uma carta de crédito, na conjuntura atual em que o mercado imobiliário vive um momento de retração e descontos. “No período de janeiro a abril de 2016 foram liberados quase R$ 2,5 bilhões para esse consumidor adquirir um imóvel. ”
Ele diz que o consórcio confere ao consumidor uma “ampla flexibilidade e liberdade”, na medida em que não há restrições ao tipo e local do imóvel a ser adquirido. Pode ser uma casa de praia ou de campo, ou um terreno onde o contemplado vai construir uma residência de acordo com seu gosto.
FGTS.
Antes de comprar uma cota, Rossi recomenda que o interessado busque informações a respeito da empresa no Banco Central ou na própria Abac. “Após encontrar um grupo com o valor pretendido, ele deve fazer a famosa pesquisa de taxas, porque as administradoras têm plena liberdade em relação ao valor que cobram por essa taxa. Esta é considerada, digamos, obrigatória. ” Além dela, as empresas podem ou não cobrar fundo de reserva ou seguro.
O presidente da Abac lembra que também é possível usar o FGTS para dar lances nos consórcios ou complementar o valor da carta de crédito para comprar um imóvel de valor superior ao contemplado.